Fim de Ano 2023

Comecei o ano de 2024 atrás da câmera, mas com um privilégio raro: mesmo em trabalho, tive a sorte de estar acompanhado pela minha namorada. Chegámos cedo ao local para evitar a confusão típica desta altura do ano e garantir uma montagem tranquila. Estava responsável por duas câmeras em simultâneo, com vista para a baía de Angra e Monte Brasil, de onde seriam lançados os foguetes.

Entre cabos, tripés e testes de ligação, esta entrada mostra um pouco dos bastidores da preparação para a transmissão em direto do fogo de artifício que marcou a passagem de ano em Angra do Heroísmo.

XI Oceanus

Lembro-me de visitar o Teatro Angrense com os meus pais desde muito cedo e, por causa das atuações do meu pai e alguns membros da família, podia ir ao palco antes e depois dos espetáculos. Ficava contente por ver o outro lado da cortina e, naquela altura, o espaço parecia gigante!

Neste dia e muitos anos mais tarde, voltei a entrar no teatro, mas desta vez com responsabilidades na parte técnica. Depois de tudo montado, testado e pronto a arrancar, aproveitei uma pequena folga para subir ao último andar e espreitar lá de cima. Foi como que um momento “full circle” em relação ao Teatro Angrense, a mesma sala, mas agora com um novo olhar.

O trabalho, por sua vez, teve os seus próprios desafios. Foi preciso dividir e esticar as equipas para cobrir dois eventos em simultâneo, o que limitou o material disponível. Ainda assim, tudo correu bem! Fiquei responsável pela realização, mistura, transmissão e controlo das grelhas no canal, e é sempre gratificante ver tudo a funcionar, mesmo em cenários mais exigentes.

Conferência da Rede Nacional IMPEL 2023

Transmitir uma conferência via Zoom pode parecer simples… até sermos responsáveis por tudo ao mesmo tempo.

Neste evento, no Auditório do Ramo Grande, além de gerir a reunião online para mais de 100 participantes, estive também a operar as câmeras, fazer a mistura de imagem, a controlar o áudio para a gravação… e ainda assumi a mesa de som e iluminação da sala, já que o técnico teve de se ausentar para outro evento.

A regie começou pequena, com o meu próprio equipamento, mas quando dei por mim, a minha área de trabalho tinha praticamente triplicado. Apesar da exigência, fiquei satisfeito por assumir funções em equipamentos novos, para mim, e que, sinceramente, ainda não conhecia muito bem. Foi um desafio e uma boa oportunidade de aprendizagem.

Frequento este auditório desde a sua abertura, estava eu na minha adolescência, principalmente para sessões de cinema com amigos e família. Desta vez, estive do outro lado, na área técnica, a garantir que tudo corria bem. Foi um daqueles dias em que um lugar familiar ganhou um novo significado.

Tourada à Corda – Fonte da Ribeirinha

Esta foi a primeira tourada do ano, na freguesia da Ribeirinha, ilha Terceira. Não sou fã da tauromaquia, mas encarei a cobertura com o mesmo cuidado e responsabilidade que qualquer trabalho merece, independentemente da minha opinião pessoal sobre o tema.

À chegada, tudo indicava que seria um dia bastante tranquilo, estava bom tempo, com aquele ambiente de festa e tivemos uma montagem sem pressas. Mas pouco depois da emissão arrancar, tudo mudou. O céu virou de repente e a chuva começou em força, obrigando à recolha de grande parte do material e ao improviso, de forma a garantir a continuidade do direto. A capa da água da própria câmera não estava a dar conta do recado e acabei por usar o meu casaco para tapar tudo, deixando apenas uma abertura suficiente para não tapar a lente.

Sinceramente, não me importo de trabalhar à chuva, desde que o equipamento esteja protegido. Por outro lado, detesto vento!…

Foi um belo lembrete para não relaxar nem baixar a guarda quando tudo parece fácil, pois é sempre nestas alturas que os imprevistos acontecem e, de repente, fica tudo de pernas para o ar.

No fim, ainda houve espaço para uma descoberta gastronómica: a bela “batatinha dos toiros”. Um clássico nas festas da ilha que, por incrível que pareça, sempre me tinha passado ao lado.

Dia Internacional do Jazz 2023

Este foi um daqueles eventos em que assumi várias funções em simultâneo: realização, mistura, controlo de áudio e operador de câmera. Foi intenso, mas também especial. Foi neste concerto que comecei a descobrir o Jazz, um género musical que até então me passava ao lado, mas que me conquistou naquela noite.

Com o tempo, aprendi que encarar estes eventos apenas como “trabalho” tornava tudo mais pesado. Desde então, faço um esforço consciente para aprender também algo novo, aproveitar e viver o momento. Às vezes, isso começa com algo simples, como ir buscar um balde de pipocas ao bar antes de tudo começar.

Aqui mostro um pouco desta mistura entre o profissional e o ser humano, onde a técnica exige muito, mas onde também há espaço para novas descobertas e pequenos detalhes que tornam o processo mais leve.